segunda-feira, 30 de julho de 2012

Súplicas ao Vento.



Não faça das minhas palavras, as suas;  apenas entenda como não consigo deixar de indagar.

Não quero que entenda se é meu lado humano, ou meu instinto irracional, apenas me deixe ser eu mesmo, pois todo humano também é bicho.

Não espere sempre me entender ou me decifrar, apenas aprecie a subversão das minhas teorias.

Não me julgue pelo que visto ou pelo que ouço, apenas considere que pra cada respiração e olhar, há um sentimento diferente correndo em minhas veias.

Não me cobre atenção o tempo que lhe julgar necessário, compreenda que minha mente precisa do seu tempo para decifrar todas as informações que me obrigo a interpretar.

Não coloque minhas imperfeições como artifício de contra-ataque se teu sentimento por mim é maior que podes suportar, apenas deixe meus defeitos te entorpecerem com doses homeopáticas dia após dia.

Não me olhe como se esperasse o próximo movimento ou como se meu modo de agir fosse  um "déjà vú" ao teu pensar, apenas saiba que cada timbre que minha voz emite e cada gesto que meu corpo exprimi, é cuidadosamente pensado para o equilíbrio das nossas almas.

Não se irrite quando entro em repetições didáticas, ou quando faço de um erro, uma história de aprendizagem, apenas entenda que umas das minhas melhores funções nessa vida é passar o que eu aprendi com os olhos e com a dor.

Não pense que não consigo sentir o que tu sente, nem que estou amaldiçoado ao desejo da liberdade, apenas perceba que meu amor ao ser livre é apenas uma parte do que sou, a outra parte é livre para o amor, e o elo para conectar as duas pode sim ser você.

Não imagine que depois de tantos pedidos de "não" eu deva ser tão exigente, apenas entenda que se me descrevo tanto, é porque escondo o mais importante, mas para alcança-lo eu te deixo o mapa.

Bira Senna
31/07/2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Memórias.



O quanto vale a pena fechar os olhos e em um momento de silêncio e paz interior, acessar os momentos mais profundos e marcantes da sua vida até o exato momento?
Tenho plena convicção que as memórias não ficam guardadas de forma sólida e detalhada, o tempo leva os pequenos detalhes que no passado explicaria, ou pelo menos, ajudaria a entender melhor os porquês.

O que me faz questionar o acesso as lembranças, são os polos inversos que essa atitude poderia me levar, porque não é novidade a ninguém que qualquer boa memória tem seus tumores, são eles o motivo da minha expressão fechada em silêncio com o olhar perdido após um belo e longo sorriso. Pense bem, se é uma lembrança de felicidade, existe um motivo para ter se tornado apenas uma lembrança, e esse motivo que sempre acompanha é o que me faz duvidar sobre o dilema mais poético que existe na complexidade da mente humana: "Valeu a pena?".

Conheço pessoas que lutam diariamente para não cair na tentação de se lembrar do seu passado, conheço pessoas que  fazem do passado um abrigo, um conforto. Mas qual seria a resposta mais sensata? Vale a pena lembrar das coisas boas e dar de cara com seus tumores? Vale a pena tentar viver um pouco o passado, tentar ignorar os tumores e pedir pra si uma segunda oportunidade?

Ouço constantemente que o passado é algo a ser respeitado e não interferido, para ser lembrado e não vivido, para adormecer no berço do tempo e jamais ser acordado. Eu só não consigo pensar assim, posso sempre me machucar ao me deparar com os tumores do meu passado, mas ao encontra-los me vem um motivo de alegria, porque um tumor só existe onde existe vida. Na minha trajetória eu posso ter me deparado com erros, frustrações, alegrias, tristezas, mas de uma coisa hoje eu tenho certeza, onde eu achei vida, eu me encontrei, onde eu me encontrei eu soube que era isso que eu queria, e hoje eu sei o que eu quero, eu quero encontrar vida, com suas complexidades, com seus erros, com suas tristezas, mas enquanto houver vida, estarei satisfeito em fechar os meus olhos e conseguir sorrir, porque viver é isso, e é pra poucos.

Bira Sena.