sábado, 7 de fevereiro de 2015
Cinza
E o baile da vida irradia um frio tom de cinza, o amarelo solar começa sua jornada lutando por um espaço entre toda névoa densa que por sua vez age cheia de pudor e simetria criando sua membrana, ocultando o gritante desespero da luz.
Nem sempre foi assim, houve um tempo que esse amarelo ardia nas veias esperançosas, entoando lindas melodias, provocando arrepios instigantes, desintegrando obstáculos salientes, a força do cinza se tornava uma simples brincadeira , como atravessar uma rua deserta sem olhar para os lados.
Não se sabe ao certo em que momento o frio se tornou tão voraz, muito menos quando a pele se tornou tão pálida, tão pouco foi pré sentido a ausência da fome, o engradecimento dos olhos, o tempo trouxe uma lição sábia porém agressiva de humildade, o que ele não conseguiu trazer foi uma explicação.
A ausência do amarelo provocou o desaparecimento da vontade de simplesmente ser, a sombra assume, realizada, a casca que impede o surgimento dos sempre bem vindos feixes de luz.
Mas a memória ainda guarda uma arma secreta, uma arma tão forte que nenhum obstáculo escuro pode suportar, a lembrança do quanto o amarelo pode ser forte.
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