Serena, era como poderia descrever a paz reluzida pelos olhos que reproduzem a textura do mais doce mel, onde o medo é repelido pelo afago, onde a dor é condenada a sentença do prazer eterno.
A alvorada traz consigo a forte lembrança da justiça do tempo, os olhos fundos, vermelhos e pesados faziam a composição explícita do desgosto em respirar, fazendo a palidez e a fumaça do cigarro passarem despercebidas pela concepção do limite, pois os sonhos que sempre chegam com suas doses homeopáticas de esperança já não tinham mais o seu lugar, pois a vontade de estar em paz com Deus já se demonstrava entregue ao desprazer do sentir.
O desencadear do acaso entorpece a mente com suas interrogações, assim como o sal úmido que escorria pelos braços, traçando seu caminho entre os pelos, fazia todas as sinapses perceptivas apontarem para o horizonte, e o azul infinito era o lembrete da parte bonita dos conflitos maranhosos que a vida me permite desfrutar.
Entre as esquinas e os não saberes, se encontra os convites mais instigatórios, assim pude ter a clareza dos leques opcionais, assim pude me reencontrar, mesmo sem ter a mínima ideia de quem sou, o caminho só, não é o desejo dos que buscam a liberdade, mas sim dos que buscam alguém para libertar.
A voz que arrepia o pé do pescoço também pode dar o nó na garganta, o cheiro que gela a barriga e esquenta o peito pode consumir a mágoa, mas eu deixo o gosto do sal desse oceano lavar minha alma, para enfim levantar o meu queixo, olhar ao horizonte, sorrir novamente, e continuar andando.
Bira Senna
18/11/2012